Carlos Castilho
Semana passada, durante conversa com o meu compadre João David Miléo, no ICBS, veio à tona o personagem Carlos Castilho, por ter sido jogador e técnico do Paysandu na década de 1960.
Castilho se tornou uma lenda como goleiro do Fluminense, onde atuou por 21 anos, de 1946 até 1965.
Participou de quatro copas do mundo (1950/54/58/62) sendo titular na de 1954.
Antes de largar a vida de goleiro, foi campeão paraense defendendo o Paysandu em 1965. Dois anos depois, voltou a Belém para ser técnico do Papão, ganhando mais dois estaduais, em 1967 e 1969.
Essa sua vida vitoriosa no futebol teve fim no dia dois de fevereiro de 1987, estava com 59 anos. Envolvido por problemas particulares e em depressão, pulou da cobertura do prédio onde morava sua ex-esposa. Trágico fim!
Fui campeão pelo Paysandu em 1969 com o Castilho dirigindo o time. Eu era o único que morava na concentração e estudava, várias vezes me encontrou lendo, estudando, por isso tinha por mim uma atenção especial.
Durante uma excursão por Paramaribo, Manaus e Santarém, em julho de 1969, devido o lateral direito Valtinho ter saído do Paysandu, Castilho me deslocou do meio campo para essa posição.
Em Santarém jogamos contra o São Francisco e vencemos por 1x0.
Recorri ao amigo Oti Santos para saber detalhes dessa partida:
Data: 13.07.1960
Árbitro: Anastácio Miranda
S.Francisco: Xabregas; Guajará, Chico Lins, Darinta e Cuca; Da silva e Abdala; Carlitinho, Cabecinha, Jeremias e Navarrinho
Paysandu: Arlindo; Cristovam Sena, Jorge Corrêa, João Tavares e Carlinhos; Tito e Quarentinha; Almir, Wilson, Bené e Da Costa.
Ficamos hospedados no Hotel Uirapuru, aproveitei o tempo livre e levei Castilho até a nossa casa, pois o Boanerges Sena queria conhecê-lo.
Por motivo de contusões fui obrigado a largar o futebol precocemente, já em 1970, aos 22 anos.
Quando larguei o Paysandu, Castilho já era treinador do Sport Clube Recife. De passagem por Belém para dois jogos amistosos, ele me procurou na concentração e foi informado que eu estava de viagem para o Rio de Janeiro, tinha passado em concurso para a Petrobrás.
Fiquei sabendo que ele queria conversar comigo, e que estava hospedado no Hotel Central.
Fui falar com o Castilho. Expliquei minha saída do Paysandu, que iria fazer um curso no Rio de Janeiro e em seguida trabalhar na Petrobrás.
Ele, então, apanhou um bloco de papel timbrado do Sport e escreveu duas cartas de apresentação, dizendo vai, tens condições de jogar no Rio de Janeiro e ser titular.
Amigo José de Almeida
O portador desta carta é um jovem jogador aqui do Pará e que foi campeão comigo no ano de 1969. Seu nome é Cristovão Sena e tem um caráter extraordinário. Joga de lateral e de volante. Por achar que o mesmo poderá ser muito útil ao nosso Fluminense, solicito sua atenção para que ele faça um período de teste. O motivo de sua saída de Belém foi um concurso que fez na Petrobrás passando com boa média, daí eu recomenda-lo.
Grato, do amigo Carlos Castilho – 2/9/70
Amigo Humberto
Este rapaz é um atleta que trabalhou comigo no Pará. Joga muito bem e é muito jovem. Como ele passou num concurso aí na Petrobrás solicito do amigo um período de teste aí no grande Vasco da Gama. O jovem é muito bom jogador e acima de tudo excelente rapaz. Creio que se tiver chance poderá ser de grande utilidade para você. Seu nome é Cristovão Sena, só o nome diz que ele é bom.
Grato meu amigo. Carlos Castilho 3/9/70
Chegando ao Rio de Janeiro fui apresentado ao Amarelinho, com mesas espalhadas pela calçada, ao lado do Teatro Municipal, lembrando o Bar Mascote e o Bar do Parque.
Como não tinha condições de continuar jogando futebol profissional, preferi guardar as cartas do Castilho e tê-las como recordação no meu arquivo particular.
Pois é, a conversa com o compadre João David me fez recuar no tempo e chegar ao Carlos Castilho. Figura humana que passei a admirar, mesmo sendo breve a nossa convivência no Paysandu, onde levantamos a taça de campeões paraense de 1969.
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