Dia do trabalho - 01.05.2022


Dia do Trabalho

 

Comecei a "trabalhar" quando eu tinha nove anos, meus pais permitiram que eu fosse para a oficina mecânica do mestre Cazuza, localizada no início da rua 24 de Outubro, onde eu varria e distribuía o café preparado no fole que ficava nos fundos da oficina.

Sobre esse fato, meu pai Boanerges Sena escreveu na sua caderneta de anotações: "O Cristovam começou a ir a oficina em 19-11-57". Fiquei alguns meses varrendo por lá.

Na oficina conheci seu Cazuzinha e Raimundinho, filhos do mestre Cazuza. Na minha memória, a imagem que ficou de mestre Cazuza foi a de um homem sério, de poucas palavras, até carrancudo. Pai e filhos trabalhavam vestindo macacão azul. O grande torno mecânico onde eram preparados os eixos de barcos, porcas e parafusos, ficava logo na entrada da oficina.

Voltei a trabalhar em 1968, quando eu cursava o terceiro ano do científico no Dom Amando e fui lecionar matemática nos colégios Álvaro Adolfo e Rodrigues dos Santos. Por falta de professores na cidade, no início de 1968 foi realizado o curso do CADES em Santarém, que dava condições para os aprovados lecionarem no 2º grau e no ginásio.

  América Alves da Mota, Ana Campos da Silva, Edson Sirotheau Serique, Ivan Sadeck, Júlio César Imbiriba de Castro, Luis Carlos Botelho, Maria Celeste Guerreiro Pereira, Maria Tarcísia Costa Pinheiro, Raimundo Navarro dos Santos, Terezinha Silva Sussuarana, Waldenira Bandeira e Wilson Florenzado Calderaro, foram alguns dos que concluíram o curso do CADES, além de Joaquim Cristovam de Andrade Sena. 

Minha trajetória profissional com carteira assinada começou em 1969, como jogador do Paysandu por dois anos, 1969/70. Depois passei quatro anos na  Petrobrás (1970/74);  dois anos no PRODEPEF Projeto de Desenvolvimento e Pesquisa Florestal(1975/76) e, por último na Emater, onde iniciei em 1978.

Olavo Bilac, enaltecendo o trabalho, escreveu o poema que os alunos do Grupo Escolar Frei Ambrósio da minha época, eram praticamente obrigados pelas professoras a decorar:              

Tal como a chuva caída

Fecunda a terra, no estio,

Para fecundar a vida

O trabalho se inventou.

Feliz quem pode, orgulhoso,

Dizer: “Nunca fui vadio:

E, se hoje sou venturoso,

Devo ao trabalho o que sou!”

É preciso, desde a infância,

Ir preparando o futuro;

Para chegar à abundância,

É preciso trabalhar.

Não nasce a planta perfeita,

Não nasce o fruto maduro;

E, para ter a colheita,

É preciso semear...

Curioso, é que quando buscamos conhecer na história da humanidade as origens do trabalho, verifica-se que ele não faz parte dos registros bíblicos da criação Divina. Tomando o Gênesis como base, os sete dias da criação são os seguintes: no primeiro veio a Luz; no segundo o firmamento do céu; no terceiro a separação da água e da terra e criação das plantas; no quarto o Sol, a Lua e as Estrelas; no quinto a vida marinha e os pássaros; no sexto os Animais terrestres, homem e a mulher; no sétimo, Deus descansou.

Só mais tarde, ao punir Adão no paraíso por ter provado do fruto proibido, num enredo que  envolve Eva e a serpente, é que o Senhor instituiu o trabalho como castigo, dizendo ao infrator desobediente: "Ganharás o teu sustento com o suor do teu rosto". E assim nasceu o trabalho como punição. Será  que é por isso que muitos não gostam de trabalhar?

Mas o trabalho nunca foi e nem será, pra mim, um castigo, porque entendi desde cedo que quem faz o que gosta não trabalha, se diverte. E não fazer nada é mais cansativo que se envolver num trabalho criativo, prazeroso.  

Recomendo a leitura do livro "Ócio criativo" do sociólogo italiano Domenico de Masi que trata do justo equilíbrio entre trabalho, estudo e descanso, que em dose certa favorece a criatividade.

Feliz dia do trabalho e do trabalhador!




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