Anjo da Guarda
A tradição cristã nos ensina que que nos acompanha desde o nascimento até a morte, permanecendo ao nosso lado em todos os momentos da nossa vida. E que podemos contar com este amigo invisível e especial, que nunca nos deixa sozinhos.
Sou devoto do meu Anjo da Guarda, com quem dialogo e, de vez em quando, invoco a sua proteção. No meu dia-a-dia procuro fazer por merecer o seu olhar protetor, tendo o cuidado de agir dentro dos ensinamentos que recebi em casa e nas demais escolas da vida.
Durante esses meus 74 anos a passear pela Terra, tive a oportunidade de por três vezes ser amparado de forma providencial pelo meu Anjo da Guarda.
A primeira em 1973 quando eu trabalhava na Petrobrás e fazia parte de equipes que pesquisavam pela Amazônia, morando em balsas, a conviver em ambientes diversos e conhecer particularidades dos nativos da região e suas idiossincrasias.
Minhas últimas viagens pela Petrobrás foram pelo Rio Javari, já na fronteira com o Peru e Colômbia. Saía de Belém e fazia escala em Manaus. A bordo de um Hirondelle da Paraense ou um turboélice YS11 da Cruzeiro do Sul, após três horas e meia de voo descia na cidade de Letícia, na Colômbia, que faz limite com Tabatinga no Brasil e Santa Rosa de Yavari no Peru, formando a Tríplice Fronteira.
Durante o trabalho, o nosso deslocamento da balsa para a área de pesquisa utilizávamos helicóptero de uma companhia francesa, equipamento sem manutenção adequada e que não tinha nem rádio para se comunicar com a base.
Nesse período o piloto do helicóptero era o comandante aposentado da aeronáutica, Vigano, senhor que nos transmitia tranquilidade e segurança. Um dia, quando levantamos voo, eu sentado ao seu lado, Vigano me disse que o rotor de cauda do helicóptero estava com um problema, que não podia mais controlar a velocidade da hélice de trás. que não conseguiria mais pousar em terra e que para nos salvar iria jogar o helicóptero no Rio Javari.
Vigano começou a me orientar sobre o que eu tinha que fazer, ele iria ejetar as duas portas do helicóptero e que eu só saísse quando ele mandasse, para evitar ser atingido por uma das hélices.
Aos 25 anos, vivi momentos angustiantes, o helicóptero foi lançado no estreito Rio Javari, saímos e em poucos minutos sumiu.
A segunda foi em 2002, quando acompanhava o presidente da Emater Ítalo Falesi, que estava em viagem de reconhecimento dos Escritórios Locais da empresa localizados na região da Calha Norte.
Passamos pelos municípios de Alenquer, Óbidos, Oriximiná, Faro e Terra Santa. De Terra Santa seguimos de lancha para Juruti para de lá retornar a Santarém. Viagem tranquila no início, até chegar a hora de atravessar o Amazonas. Mesmo com vento moderado, devido a lancha ser pequena e não ter coletes salva-vidas, senti calafrios vendo as ondas irem aumentando, a jogar água para dentro da embarcação. Comecei a temer que o pior pudesse acontecer, e o pior era o vento aumentar de intensidade. Tive medo, estávamos entregues à própria sorte. Chegamos em paz, olhei pra dentro de mim e senti a presença do meu Anjo da Guarda.
A terceira vez que contei com a providencial presença do Anjo da Guarda ao meu lado foi agora, dia 22 de agosto passado, uma segunda feira. Fui ao Detran para renovar minha CNH. Trafegando pela Av. Cuiabá, ao chegar no cruzamento com a 24 de Outubro dei sinal que ia dobrar, atrás de mim vinha um caminhão graneleiro carregado que ia em direção da Cargill. Como não deu para eu completar a curva, meu carro foi atingido pela carreta, rodopiou e foi em direção a um poste no outro lado da Avenida Cuiabá, consegui desviar e, com dois pneus furados, entrar na contramão e percorrer uns 30 metros até parar no meio da avenida.
O seguro deu perda total do carro, do qual saí ileso, com o coração aos pulos, a agradecer mais uma vez ao meu Anjo da Guarda, sempre alerta nas horas que dele preciso.
Considero-me uma pessoa de sorte, essa força invencível que controla os diversos acontecimentos da nossa vida, também conhecida como destino.
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