Quem tem medo da CPMF? - 21.11.2007


Quem tem medo da CPMF?

Há muito a coerência vem sendo desprezada pelos homens. E ela nada mais é do que a ligação ou harmonia entre as situações, acontecimentos ou idéias das quais compartilhamos durante a caminhada, de uma forma ou de outra, direta ou indiretamente. Está ligada ao nexo, à lógica.

Enquanto poder, o PSDB criou a CPMF e defendeu a sua aprovação no Senado. Como oposição, luta para que não seja prorrogada. O PT fez o caminho inverso: foi contra a sua criação e defende com unhas e dentes a sua prorrogação. O mesmo jogo acontece com as CPIs. Ser contra ou a favor da instalação é circunstancial, depende de que lado se está na hora das acusações. Como se vê, não existe melhor ou pior nesse enredo.

Tomando como base essa questão da CPMF, nota-se que os políticos e seus partidos agem guiados pela lógica da conquista e manutenção do poder, onde o povo participa como elemento de retórica. A coerência é deixada de lado, transparecendo em seu lugar a contradição, sua antagônica.

É falso acreditar que eles mudaram, tudo não passa de um ato de revelação. Quando trocam de lado, cai a máscara. O único coerente nessa disputa política tem sido o cirurgião Adib Jatene, o criador da CPMF, na época ministro do PSDB. O médico continua defendendo a Contribuição e discute com os donos do poder econômico a sua prorrogação. Mesmo não sendo do PT, faz isso por acreditar nos propósitos da idéia, por coerência, não por fisiologismo partidário.

A jornalista Mônica Bergamo publicou na Folha de São Paulo o diálogo que presenciou entre o Dr. Adib Jatene e o presidente da FIESP, Paulo Skaf, que defende a não prorrogação da CPMF. Jatene colocou tempero novo na discussão e iniciou alfinetando:

- ''No dia em que a riqueza e a herança forem taxadas, nós concordamos com o fim da CPMF. Enquanto vocês não toparem, não concordamos. Os ricos não pagam impostos e por isso o Brasil é tão desigual. Têm que pagar! Os ricos têm que pagar para distribuir renda''.

Paulo Skaf:

- ''Mas, doutor Jatene, a carga no Brasil é muito alta!'',

Adib Jatene:

- ''Não é, não! É baixa. Têm que pagar mais.

Paulo Skaf:

- "A CPMF foi criada para financiar a saúde e o governo tirou o dinheiro da saúde. O senhor não se sente enganado?"

Adib Jatene:

- “Eu, não! Por que vocês não combatem a COFINS, que tem alíquota de 9% e arrecada R$ 100 bilhões? A CPMF tem alíquota de 0,38% e arrecada só R$ 30 bilhões''.

Paulo Skaf:

- ''A Cofins não está em pauta. O que está em discussão é a CPMF''.

Jatene:

- ''É que a CPMF não dá para sonegar!''

Curto e grosso!




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