O boa praça Rubem Chagas - 10 de agosto de 2018


O boa praça Rubem Chagas

Dia 05 de agosto passado, participei na sede campestre da AABB da festa de aniversário dos 80 anos do Rubem Chagas, nosso amigo Rubão. 
A presença de veteranos "boleiros" foi a marca registrada da festa que a família preparou para o octogenário (nem parece) Rubão.

O aniversariante tem seu nome ligado ao futebol santareno, dentro e fora das quatro linhas. 
Em Santarém defendeu as cores do América e São Raimundo, chegando a ser treinador interino do Pantera Negra. Em Belém vestiu o manto azul e branco do Paysandu.

Chuteiras penduradas, foi ser peladeiro e cartola, chegou a diretor do São Raimundo. Ainda frequenta o Arraial, uma das mais antigas peladas de Santarém, iniciada nos meados da década de 1960.

Engenheiro cível, Dr. Rubem Caroço - como também é conhecido - foi o responsável pela reforma ocorrida no estádio Aderbal Corrêa, em 1967. Nesse ano o campeonato santareno não foi disputado para que o gramado fosse nivelado (havia um desnível de metro e meio entre as duas traves), substituído o alambrado de madeira e construída a arquibancada da Av. São Sebastião. 

Em 1969 o estádio Aderbal Corrêa passou a ser denominado Elinaldo Barbosa. O desportista Elinaldo, que era o presidente da Liga por ocasião da reforma de 1967, foi assassinado no dia 15 de fevereiro de 1969, quando era o prefeito da cidade. O estádio recebeu o seu nome. 
O projeto da construção do Estádio Everaldo Martins, o Panterão, em 1974, teve a participação do engenheiro Rubão, obra executada pela empresa do Zé Lopes, da qual era sócio.

Dei-lhe de presente um quadro em que aparece ao lado do ex-presidente do São Raimundo, Arnaldo Lopes, e dos fundadores do clube, senhor Odorico Almeida - meu padrinho de batismo, e David Nataniel - pai do jogador Manuel Maria que brilhou no Santos de Pelé.

Durante o aniversário fiquei sentado em companhia do Pedro Nazaré, ex-lateral direito do São Raimundo e seleção santarena dos anos de 1960. 
Presentes na festa o Navarrinho, Valeco, Arnaldo Lopes, Adil, Márlio Cunha, Dário Tavares, Zé Augusto, dentre várias outras figuras de destaque no futebol santareno.

Nossas conversas giravam em torno do futebol que vivenciamos, relembrando fatos que marcaram nossa passagem pelo Elinaldo Barbosa. Alguns hilariantes.

A conversa engraçada com os amigos me fez recordar do Jorge Corrêa, atleta do Paysandu com quem joguei e fomos campeões paraenses em 1969. Era carioca e fazia dupla de zaga com o amazonense João Tavares. Veio do Olaria do Rio de Janeiro, estreamos juntos contra o Clube do Remo, jogo no Estádio Evandro Almeida, no dia 02/02/1969. vencemos por 3x0. Também estrearam nessa partida os santarenos Caveirinha e Palito.

Depois de ter encerrado a carreira de jogador, Jorge experimentou ser técnico de futebol, mas não emplacou. 
Era boêmio, foi abandonado pelos clubes. Em 1989, ainda como treinador, veio parar em Santarém, contratado pelo São Raimundo que não vinha fazendo boa campanha no campeonato.

Chegou e causou alvoroço na cidade com uma entrevista que concedeu na Rádio Rural durante o programa “Da Bola ao Box”, com Luis Carlos Botelho e Ivaldo Fonseca. 
Perguntado sobre o consumo de bebida alcoólica pelos jogadores, o Jorge afirmou, categórico, que com ele "jogador que não bebe é olhado com desconfiança". 
Para confirmar o que falou no programa, no treino do dia seguinte houve aposta de uma grade de cerveja entre titulares e reservas do São Raimundo.

Conhecendo o Jorge Corrêa como conheço, suas declarações na época não me causaram surpresa. Como já disse jogamos juntos no Paysandu nos anos 1969/70 e sei bem como uma turma do Papão comportava-se fora das quatros linhas. 
O bar do Cara Branca, escondido na travessa do Chaco, próximo da concentração onde morávamos, era o nosso ponto preferido, não só pela temperatura da cerveja, como pelo crédito que tínhamos com o dono do bar, velho torcedor do bicola. Fora as que eram deixadas em forma de bicho por alguns torcedores que por ali passavam. Caveirinha, nessa época, era abstêmio.

Ficávamos no Cara Branca a sorver nossa gelada, a conversar amenidades. Política - não existiam eleições. Carestia - ninguém tomava conhecimento da inflação. 
Os assuntos tratados eram samba, futebol e mulher. 
Assuntos que todos dominavam e defendiam suas ideias e teorias em horas alegres de descontração.

Osmani, Tito, Zezinho, João Tavares, Almir, Michila (irmão do Fio Maravilha), Jorge Corrêa, moravam na concentração e faziam parte da irmandade da cerveja. Sim, eu também participava. O Quarentinha, um dos maiores armadores que vi jogar, por não morar na concentração nem gostar de beber em bar, pouco frequentava o Cara Branca.

O problema desse comportamento aparece quando o time começa a perder em campo. Como o Paysandu da época tinha vocação para as vitórias, a diretoria fazia que não sabia de nada e a torcida não dedurava nossa presença no Cara Branca. E o Jorge Corrêa ganhava fama marcando o tremendão Alcino. Os tempos eram outros!

Voltando ao Jorge Corrêa treinador em Santarém, após a entrevista na Rádio Rural o São Raimundo desandou a perder, não demorou a diretoria demitiu o técnico que incentivava seus jogadores apostando cerveja nos treinos. 
Foi substituído pelo Walter Lima, que deve se lembrar dessa história.

Como conversa puxa conversa, acabei falando do Jorge Corrêa no aniversário do boa praça Rubão. 
Dr. Rubem Chagas, sempre simpático, boa verve, a nos despertar bons sentimentos.




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