Ray Brito - 28.02.2019


Ray Brito

No dia 30 de junho de 2017, aos 66 anos, Ray Brito foi eleito membro vitalício da Academia de Letras e Artes de Santarém - ALAS, como titular da cadeira numero 33, que tem como patrono o poeta Rui Paranatinga Barata.

Juntamente com os Professores Terezinha Amorim e João Bernardo Santana, e a cantora Maria Lídia Mendonça, foram empossados em Sessão Solene no Centro Recreativo, no dia 24 de outubro do mesmo ano.

Um infarto fulminante, no dia 21 de dezembro de 2018, ceifou a vida de Ray Brito. A ALAS realizou no dia 22 de fevereiro de 2019, no Centro Cultural João Fona, a "Sessão da Saudade" em memória ao ex-acadêmico e artista Ray Brito.

Presto aqui minha homenagem ao cantor Ray Brito, recordando alguns fatos da sua vitoriosa carreira artística em Santarém.

Talento ele tinha, mas precisava encontrar a oportunidade que o levasse a fazer o que gostava e sabia: cantar. Um dia, passando ao lado do escritório da Rádio Rural em companhia do amigo Raul Sarmento, se inscreveram para cantar no dominical e badalado programa de auditório "E-29 Show". No domingo se fizeram presentes, ele e o Raul, que foi o primeiro a se apresentar. Ércio Bemerguy comandava o programa, com o seu companheiro de rádio Edinaldo Mota.

O próximo a se apresentar era ele. Nervoso, não queria enfrentar o desafio. Raul praticamente o empurrou para o auditório. Subiu as escadas do palco da Casa Cristo Rei tremendo as pernas. Cantou a música "Não é papo pra mim", do Rei Roberto Carlos, seu ídolo. Ganhou o concurso de calouros, começava naquele distante domingo sua carreira artística.

Ércio o convidou para fazer parte do elenco da Rádio Rural. Guardava na bolsa, como relíquia, carteirinha plastificada que o identificava como integrante do "cast" do "E-29 Show". Programa que revelou grande nomes para a música santarena, dentre eles o próprio Ray Brito.

Na época, Ércio fazia parte da empresa "EMO Promoções", em parceria com o Márlio Cunha e o Otávio Pereira. O trio promovia shows da "Jovem Guarda" em Santarém, Ray Brito era um dos cantores locais que faziam a preliminar desses shows.

Sua primeira participação como "crooner" foi no conjunto do Laurimar Leal "Os Brasas", passando depois pelos "Os Hippies" do Odilson Matos, "Big Boys" e os "Populares". Cantou com o Nem, com Fabriciano, com o Nascimento. Queria ser artista famoso, para isso precisava gravar um "compacto simples" e fazer sucesso nas rádios.
Quando viu que sua vontade de gravar não poderia ser concretizada ficando em Santarém, foi para São Paulo.

Não lembrava o ano que o fato aconteceu. Estava em São Paulo, na Estação da Luz, de madrugada, esperando o trem pra seguir para o Rio de Janeiro, quando conheceu um rapaz que era amigo do Cauby Peixoto. Entabularam conversa. O desconhecido perguntou-lhe de onde era, o que estava fazendo em São Paulo, disse que era de Santarém do Pará, que queria ser cantor.

Saíram da estação e foram andando até a boate onde o famoso artista se apresentava. Era perto. Entraram, foi apresentado ao Cauby.
Naquela madrugada, durante conversa com o "cantor das noites cariocas", foi-lhe revelado alguns segredos que aperfeiçoaram seu modo de cantar. Com sinceridade, dizia que no início não sabia entrar na música, na melodia, no ritmo. A batalha agora era gravar um disco.

Em São Paulo não conseguiu realizar o sonho de gravar o "compacto simples".
Quem o colocou no universo do vinil foi Odilson Matos. Quando retornou de São Paulo foi convidado para ser "crooner" dos "Os Hippies". E o primeiro disco que gravou foi cantando músicas que falam de Santarém, das suas belezas naturais. Ao todo gravou dezoito CDs e três LPs.

Com o "Baile do Rei", realizado em parceria com Lord Edgard, Ray Brito ficou conhecido como o Roberto Carlos santareno. Passou a viver de música, a fazer parte da história musical da cidade.
Sua produção musical é extensa, compôs mais de 230 músicas em parceria com o Roosevelt e outros musicistas. Muitas delas ainda inéditas.

A idade foi chegando, passou a cantar em eventos familiares nas residências, aqui e fora de Santarém. Era contratado para interpretar o Rei Roberto Carlos. Chegou a gravar dois discos, um ao vivo em Fortaleza e outro em Manaus.
Afirmava que Roberto Carlos fazia parte da sua vida. Que a música do Roberto é amor, por isso teve muitos amores, muitos filhos.

Das músicas que compôs e gravou, Ray destacava "Solidão", que foi seu primeiro sucesso. Depois "Amor tão forte"; "Intrigas", música linda, dizia que deixou de ser sucesso porque não tocou em Santarém; "Reencontro"; "Enganos" e "O Chegadinho.
Para que atingisse um número maior de apreciadores da sua música, passou a distribuir aos amigos e conhecidos pelo aplicativo whatsapp.

Cantou durante a procissão do Círio de Nossa Senhora da Conceição. Perante mais de cem mil pessoas entoou o Hino da Festa e se emocionou. Viu que a emoção não era só sua quando vários fiéis começaram a chorar.
Em 1970 participou do "1º Festival de Música Popular do Baixo Amazonas", realizado em Santarém, e em 1972, em Belém, no Theatro da Paz, da Semana de Santarém.

Ray Brito se despediu de seus fãs no dia 21 de dezembro de 2018. Um infarto fulminante o tirou dos palcos.

Foram mais de 40 anos de música! Mas não foi só na música que Ray Brito deixou sua marca registrada. Foi também artista de cinema, fez o papel de um delegado no filme "Covato", dirigido pelo jovem cineasta Emano Franklin Loureiro.

Nascido em 19 de agosto de 1951, em Santarém, Ray Brito era filho de Raimundo Silva e Inês Brito.




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